Se nos pudéssemos ver como os outros nos vêem, compreenderíamos
até que ponto as aparências são enganosas.
(Franklin Jones)

 


O alfaiate e o mandarim

Um dia, um homem recebeu a notícia de que acabara de ser nomeado mandarim. Ficou tão eufórico que quase não se conteve. Serei um grande homem agora - disse a um amigo. - Preciso de roupas novas imediatamente, roupas que façam jus à minha nova posição na vida.

Conheço o alfaiate perfeito para você - replicou o amigo. - É um velho sábio que sabe dar a cada cliente o corte perfeito. Vou lhe dar o endereço.

E o novo mandarim foi ao alfaiate, que cuidadosamente tirou suas medidas. Depois de guardar a fita métrica, o homem disse:
Há mais uma informação que preciso ter. Há quanto tempo o senhor é mandarim? Ora, o que isso tem a ver com a medida do meu manto? - Perguntou o cliente, surpreso.

Infelizmente, não posso fazê-lo sem antes obter essa informação, senhor. É que um mandarim recém nomeado fica tão deslumbrado com o cargo que começa a andar com a cabeça altiva, o nariz erguido e o peito estufado. Assim, tenho que fazer a parte da frente maior que a de trás.

Anos mais tarde, quando está ocupado com seu trabalho, e os transtornos advindos da experiência o torna sensato, e ele olha adiante para ver o que vem em sua direção e o que precisa ser feito a seguir, aí então costuro o manto de modo que a parte da frente e de trás tenham o mesmo comprimento. 

E mais tarde, depois que seu corpo está curvado pela idade e pelos anos de trabalho cansativo, sem mencionar a humildade adquirida através de uma vida de esforços, faço o manto de forma que as costas fiquem mais longas que a frente. Portanto, tenho que saber a quanto tempo o senhor está no cargo para que a roupa lhe assente apropriadamente.

O novo mandarim saiu da loja pensando, menos no manto e mais no motivo que levara seu amigo a mandá-lo procurar exatamente aquele alfaiate.


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Maktub

 
 
 
     
 

 

 

   

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