Era uma noite fria e 
												chovia. Voltava de meu trabalho 
												em meu carro. Resmungava achando 
												ruim do transito e estava 
												atrasado para ver meu programa 
												favorito.
												
												Parei em um sinal e um pivete 
												bate no vidro da porta e eu já 
												tirava algumas moedas do bolso 
												para não ver mais um rosto. Abri 
												o vidro quase sem olhar para o 
												tal pivete e já lhe entregara o 
												conteúdo de moedas que tinha em 
												minha carteira.
												
												O garoto em tom suave me falou 
												assim:
												- Moço: eu não quero seu 
												dinheiro, quero apenas lhe 
												avisar que houve uma batida logo 
												ali e que o senhor deve tomar 
												outro caminho e te desejar uma 
												feliz noite.
												
												Aquelas palavras me soaram como 
												um tiro no peito. Eu estava 
												preocupado em chegar em casa e 
												ignorava meu mundo. 
												Mas aparece um anjo para me 
												auxiliar e me dar uma boa noite. 
												Olhei novamente para aquele 
												pivete e vi que era uma criança 
												,e perguntei o que ele estava 
												fazendo debaixo daquela chuva.
												
												Ele me disse em um tom natural 
												que não tinha para onde ir e 
												resolvera ajudar. Que era o 
												máximo que ele podia fazer. 
												Parei meu carro no 
												estacionamento e sentei na 
												calçada com aquele anjo de pés 
												sujos mas de um coração que 
												jamais vira.
												
												Perguntei-lhe se tinha fome e 
												uma resposta afirmativa me veio 
												daquele menino de rua.
												Saímos dali e fomos a um bar 
												próximo e comemos um lanche. 
												Conversamos sobre suas coisas e 
												seus sonhos.
												
												Era uma criança simples e que 
												não desejava muito, e que 
												gostava de repartir suas poucas 
												coisas com aqueles que tinham 
												menos que ele. Aquele pivete fez 
												em mim o que o mundo não 
												conseguiu. Tocou fundo meu 
												coração.
												
												Hoje ele não precisa mais de 
												viver na rua. Tem seu lar e sua 
												própria família e é feliz. É 
												feliz de tal forma que não 
												compreendia e aprendi com aquele 
												menino de rua. A felicidade não 
												é quanto, nem quando e tampouco 
												como. 
												Ela simplesmente é, ela esta ao 
												nosso lado e não precisamos de 
												preparo para ser feliz. Podemos 
												ser felizes agora, do jeito que 
												somos, do jeito que estão as 
												coisas.
												
												Aquele menino que é um anjo 
												ainda ensina a todos que cruzam 
												seu caminho, lições simples de 
												amor e fraternidade. E eu 
												agradeço a Deus a oportunidade 
												que tive de conhecer aquele anjo 
												em uma noite fria e chuvosa.