É fácil
usar o estilingue; o difícil é ajudar quem errou.
É fácil descer
a lenha no casal irresponsável; o difícil é ir procurá-los e
oferecer ajuda.
É fácil falar do ladrão que incomoda a vila; o
difícil é tentar mudá-lo com amizade e ajuda.
É fácil falar da
menina grávida que nem sabe quem é o pai;o difícil é ouvi-la e
ajudá-la a enfrentar o drama de seu erro.
É fácil rir dos
chifres do marido traído e falar da mulher dele com risos e
piadinhas engraçadas; o difícil é ajudar os dois a se amarem de novo
sem mágoas ou novas traições.
É fácil falar do padre, do pastor,
do papa, do bispo, do governante, do político, do rapaz e da menina
que aparecem um pouco mais do que nós. Damos uma estilingada com
a língua e pronto, está quebrada a sua luz.
Pouquíssimos de nós
podem dizer que não atirarão pedras em alguém que está por baixo.
Jesus tinha razão ainda esta vez.
A mulher fora
surpreendida em adultério e um monte de adúlteros a trouxeram para
que Ele os ajudasse a apedrejá-la. Só haviam esquecido de trazer o
companheiro de adultério, já que, também naquele tempo, era
impossível uma mulher praticar o adultério sozinha. Trouxeram a
adúltera e não trouxeram o adúltero. Jesus ameaçou desmascará-los.
Foram todos embora com seus estilingues.
Ficou a mulher
adúltera que Jesus perdoou, mas a quem pediu que nunca mais
pecasse.
Não atirou a primeira, nem a segunda, nem a centésima
pedra. Ajudou-a, acolheu-a . Conversou com ela. Propôs mudança de
vida.
Não sei que lição vamos levar do Evangelho. O que sei é que
eu, você e todos nós, de vez em quando, falamos mal da vida
alheia.
E julgamos e apedrejamos por nossa própria conta
homens, mulheres, moças, rapazes, padres, freiras, pastores,
políticos, vizinhos e até amigos.
A nossa pedra é sempre a
primeira, mesmo quando não fomos os primeiros a atirar. Deixemos de
imaginar o pior, o mais errado e o mais sujo dos outros. Seremos
melhores e a vida será melhor.
Queimemos nossos estilingues de
moleques crescidos.