Credo e o incrédulo
Era uma vez dois exploradores
que encontraram uma clareira na selva. Nela
cresciam muitas flores de beleza sem par. Um dos
exploradores diz:
- Há sem dúvida um jardineiro
que mantém este jardim.
O outro não
concorda: - Não há nenhum
jardineiro.
Assim sendo, eles montam suas
tendas e se põem a vigiar. Nenhum jardineiro é
visto em nenhum momento. Será que se trata de um
jardineiro invisível?
Os dois exploradores
fazem então uma cerca de arame farpado e a
eletrificam, guardando-a com sabujos... Mas nenhum
grito sugere nunca que algum intruso tenha tentado
entrar no jardim. Apesar disso, o primeiro
explorador ainda não se convenceu:
- Mas
existe um jardineiro invisível, intangível,
insensível às descargas elétricas, um jardineiro
que não tem cheiro nem faz barulho, um jardineiro
que vem secretamente cuidar do jardim.
No
final, o céptico se desanima:
- Mas o que resta
da sua primeira afirmação? E em que precisamente
isso que você chama de jardineiro invisível,
intangível, eternamente inapreensível, difere de
um jardineiro imaginário ou até de um jardineiro
absolutamente inexistente?
O primeiro
explorador vai então colher uma flor e, sem nada
dizer, a oferece com um sorriso ao céptico,
que não se afasta um minuto da cerca:
- Por que
este gesto de afeição? pergunta surpreso.
-
Para lhe perguntar se você consegue ver a velha
amizade que nos une há tantos anos. E o outro
responde:
- Lógico que não!
- O
essencial é invisível aos olhos (como dizia o
Pequeno Príncipe). Só conseguimos ver bem com o
coração!
Será que não é isso o que acontece com
aquele que com tanto amor cuida deste
jardim?