NAVEGANDO
EM VOCÊ
Às vezes, ancorado perto de mim, você me pergunta -
ou apenas interroga com o olhar doce, silencioso e pânico -
o que eu procuro/encontro em você.
Eu, marinheira de poucas/muitas longas viagens a bordo de você,
não sei responder com precisão, porque as palavras param em minha
garganta feito nós numa amarração de carga sufocante.
Eu sei que você tem mãos, por exemplo, e em cada uma das palmas
existem traços/linhas, que são como promessas de embarques
regulares para as terras prometidas que eu quiser.
Eu sei que você tem boca. E sinto que você diz - embora você
não diga - que, cuidadosamente, saberá me orientar, caso eu
queira ir para o Oriente, ou então me norteará, caso minha
ida seja mais ao Norte.
É perigoso mas os dentes que edificam teu sorriso mostram-me
que todos os cuidados serão tomados
para que eu não
me perca e desapareça em estranhos oceanos.
Eu sei que seus braços são longilíneas corredeiras para o infinito
dos teus ombros, onde teus cabelos me acenam/clamam com
a possibilidade de estar chegando perto/distante das coisas
que ficaram discretamente misteriosas desde a Criação.
E eu, passageira contraída/distraída, ouso olhar para a imensidão
de teu corpo planície/planalto, sei lá,
tentando compreender quão atlânticos serão os teus pacíficos mares.
Embora me assuste/admito, as tempestades e maremotos que você gera
no mar do
amor. Diante da tormenta não serei mais que um "marujo atormentado" ,
me agarrando em tuas pernas em busca de salvação.
Nesta viagem, onde todos os horizontes são longínquos, ficarei embriagada
do teu cheiro e da tua alma, perguntando-me, com razão, que país estou
navegando? Que idiomas devo falar? Que medos devo calar?
E se não falo, te olho com jeito de posso ficar ... (?)
No meio desse mar bravio, teus olhos me desvendam ventanias, sóis e
portos
difíceis de alcançar. Procuro um pouco de serenidade em teus
silêncios de
calmaria. Por onde posso ir, até onde devo navegar?
Nasce o Sol - adormece o Sol. Há um mar sob nós. E sob o mar, todos os
mistérios, todas as algas, todos os naufrágios, tesouros e piratas, mapas,
todas as buscas.
Todo nosso amor.
E teu corpo, homem, é a grande embarcação da minha alma.
Bom dia!!
(
Autora:
Mirella Luchinytzs.)
www.rivalcir.com
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