Era ano de 1494, a cidade era MILÃO, na ITÁLIA, Leonardo da Vinci
deu uns passos para trás, contemplou o mural da Ultima Ceia que
estava pintando, e suspirou.
Estava completo, com exceção das figuras de Cristo e de Judas.
Onde encontrarei um semblante tão inocente e sublime que verdadeira-
mente represente a Jesus ? E onde encontrarei um rosto tão endurecido
pelo pecado e engano, que possa representar a Judas Iscariotes? -
refletiu ele.
Certa manhã, no coral de uma capelinha, Leonardo viu um jovem com um
rosto tão inocente e sublime, que concluiu ter encontrado seu modelo
para Jesus.
Durante vários dias o rapaz posou para o grande artista. Quando a
figura de Jesus ficou concluída, o jovem olhou para a pintura.
- Impressionante, não é ? - disse o rapaz. - Como eu gostaria de ser
mesmo semelhante a Ele!
- Você pode - respondeu Leonardo - Simplesmente siga o seu exemplo.
Mas a obra de arte não estava concluída.
Faltava ainda a figura de Judas.
Leonardo caminhou pelas ruas da cidade à procura de uma face marcada
pelas linhas da amargura e do remorso. Nenhum rosto era
suficientemente
depravado para servir de modelo a Judas.
Anos se passaram, e o mural continuava inacabado. Então, certa noite,
no ano de 1498, Leonardo voltava para casa quando foi abordado
por um pedinte.
Ao olhar para o rosto do homem maltrapilho, viu olhos inteligentes mas
anuviados pelo remorso, e uma fronte marcada por anos de iniqüidade.
Acompanhe-me - disse Leonardo, com agitação. Vou dar-lhe alimento
e cama por esta noite. Preciso pintar uma figura tendo-o como modelo.
Pago bem.
Na manhã seguinte, o rude e maltrapilho mendigo sentou-se, enquanto
Leonardo lhe pintava a face na forma de Judas. Terminado o trabalho,
o mendigo contemplou a pintura pronta. Uma lágrima lhe rolou pelo rosto.
Não me reconhece? - Chorou ele. - Sou a mesma pessoa que serviu
de modelo para seu Cristo, anos atrás. Quem dera que eu tivesse
seguido o seu conselho...