A minha alma é presa da mais livre loucura. (Sady Bianchin)
 

 


Dia de loucura (ou de sanidade)

Um dia para pegar um ônibus sem destino certo. Para abolir qualquer relógio, inclusive o relógio-ponto. Para dizer: Eu Te Amo, para aquela pessoa que você adora secretamente, temendo uma rejeição. Para fazer de conta que não existe cobrança, culpa ou medo, em nenhuma forma de manifestação. Para não ouvir a voz de um falso deus inclemente que lhe foi imposto e para contestar as questionáveis leis dos homens.

Para reconhecer que você está cansado de ser politicamente correto, exímio trabalhador, pai ou mãe exemplar, cidadão ou cidadã de ficha limpa, sem mácula alguma que lhe possam imputar. Para dizer um basta, alto e bom som às pessoas e situações que por anos a fio, estão a lhe cercear.

Para não pensar nas contas no fim do mês e nem nos malabarismos que você faz para prover e pagar. Para reconhecer que ter filhos é uma bênção, mas criá-los a contento, é um oneroso e complicado dever. Para admitir que a vida está passando muito depressa e que às vezes você tem muito medo de morrer. Para descobrir que você virou um náufrago, meteu-se numa camisa de onze varas e que, na verdade, não teve outra escolha, se quisesse sobreviver.

Para lembrar que há muito tempo você não faz nada que lhe dá prazer, não porque não queira, mas porque muito mais alto, lhe fala o dever. Para perceber que sua lenda pessoal é incompatível com os compromissos assumidos e que você não poderá segui-la sem que outros venham a sofrer.

Para chorar por tudo aquilo que você quis que fosse, mas que infelizmente não pode ser. E se você fizer tudo isto, por certo vão lhe taxar de louco, mas antes que você enlouqueça de vez, permita-se um dia de trégua. Feche para balanço, passe sua vida a limpo. Jogue fora dos arquivos e dos armários internos, tudo que você puder jogar.

Esvazie-se, solte-se, aquiete-se e creia ... é neste exato momento que a Suprema Força do Universo poderá lhe ajudar. No dia seguinte retome o seu trajeto serenamente, porque haverá Anjos no seu caminhar e a mão amorosa de Deus a lhe sustentar.


(Fátima Irene Pinto)

 

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