No quarto do hospital, 
			onde a esposa estava internada sob tratamento intensivo, com vários 
			equipamentos ligados ao seu corpo, monitorando cada sinal vital, o 
			esposo a observava, com ar de tristeza. 
			
			A filha se esmerava em 
			cuidados e carinho junto ao leito da mãe. De repente, o marido 
			aproximou-se da filha e lhe disse, com convicção: “quando eu ficar 
			velho, desejo estar numa cidade onde não tenha hospitais, pois não 
			quero ficar dessa maneira, sob um leito, totalmente dependente.”
			
			
			Um desejo natural, com 
			certeza, que muitos de nós alimentamos. O que vale a pena 
			ressaltar, é que o esposo tem 92 anos de idade... 
			E não se acha velho... 
			Porque velho ele realmente não é, apesar de ser idoso. Ele é um nobre e 
			dedicado advogado que mantém o mesmo entusiasmo e motivação da sua 
			mocidade. 
			
			Com sua jovialidade, de 
			espírito lúcido, não se deixou levar pela idade... Não permitiu que a soma 
			dos anos lhe pesassem sobre os ombros, sempre eretos e dispostos às 
			responsabilidades que a vida lhe apresenta. Ele já viveu 92 
			primaveras no corpo físico, mas não é um velho. Já teve muitas 
			desilusões, como todo mundo, mas não permitiu que isso o tornasse 
			amargo. Ele assistiu duas 
			guerras mundiais, mas não deixou que seus sonhos fossem soterrados 
			sob os escombros da violência. 
			
			
			Aceitou as dificuldades 
			da caminhada como desafios, e nunca como obstáculos a impedir seus 
			passos na estrada da evolução. Usou sempre a moderação 
			como guia seguro nas horas de decisão. Jamais se deixou levar 
			pelos apelos da inferioridade que arrastam muitos homens pelas 
			veredas da desonra. Um homem íntegro, bom 
			esposo, bom pai, bom irmão e amigo, um cidadão correto. É um espírito valente, 
			respeitador dos valores morais; é um grande homem. Por todas essas razões 
			ele não é um velho... 
			
			Para ser velho não 
			precisa ser idoso, basta fechar-se na concha escura do egoísmo, dos 
			preconceitos, da vilania, do orgulho. Existem pessoas de 
			pouca idade que estão com a alma enrugada pela corrupção, pela 
			prepotência, pela soberba, pela violência interna, pela deslealdade, 
			pela depressão. 
			
			São jovens na idade mas 
			esclerosados nos sentidos. Não estão dispostos a 
			renovar atitudes, a aprender novas lições, a libertar-se dos 
			preconceitos e dos vícios aos quais se acorrentam cada vez mais.
			Têm corpo jovem e mente 
			envelhecida, cristalizada em idéias das quais não abrem mão. Dessa forma, podemos 
			entender que juventude e velhice são estados d’alma, independentes 
			da idade cronológica. 
			
			Jovem é todo aquele que 
			tem disposição de viver, de crescer, de rever atitudes e aprender 
			sempre. Jovem é quem tem 
			esperança, quem aposta na vida, quem enfrenta desafios com um 
			sorriso nos lábios e fé no futuro