Amigo: alguém que sabe de tudo a teu respeito
              e gosta de ti assim mesmo. 
(Elbert Hubbard)

 
 


                          
  Pai e Filho

Escute, filho...
Enquanto falo isso, você está deitado, dormindo, uma mãozinha
enfiada debaixo do seu rosto, os cachinhos louros molhados de
suor  grudados na fronte.

Entrei sozinho e sorrateiramente no seu quarto. Há minutos atrás,  enquanto eu estava sentado lendo meu jornal na biblioteca, fui assaltado por uma onda sufocante de remorso.
E, sentido-me  culpado vim para ficar ao lado de sua cama.

Andei pensado em algumas coisa, filho...
Tenho sido intransigente com você. Na hora em que se trocava
para  ir à escola, ralhei com você por ter atirado alguns de seus pertences  no chão. Durante o café da manhã, também impliquei
com alguma coisa. Você derramou o café fora da xícara.

Não mastigou a comida.  Pôs o cotovelo sobre a mesa. Passou manteiga demais no pão. E quando começou a brincar e eu estava saindo para pegar o trem , você se virou, abanou a mão e disse: "Tchau, papai" e, franzindo o cenho, em resposta lhe disse:
"Endireite esses ombros!"

De tardezinha tudo recomeçou. Voltei e quando cheguei perto de casa vi-o ajoelhado, jogando bolinha de gude. Suas meias estavam rasgadas. Humilhei-o diante de seus amiguinhos fazendo-o entrar
na minha frente.

"As meias são caras - se você as comprasse tomaria mais cuidado coma elas!" Imagine isso, filho, dito por um pai!
Mais tarde, quando eu lia na biblioteca, lembra-se de como me
procurou, timidamente, uma espécie de mágoa impressa nos seus
olhos?

Quando afastei meu olhar do jornal, irritado com a interrupção,
você parou à porta: "O que é que você quer?" perguntei, implicando...Você não disse nada, mas saiu correndo num ímpeto na minha direção, passou seus braços em torno do meu pescoço e me beijou... Seus braços foram se apertando com uma afeição pura que Deus fazia crescer em seu coração e que nenhuma indiferença conseguiria extirpar.

A seguir retirou-se, subindo correndo os degraus da escada.
Bom, meu filho, não passou muito tempo e meus dedos se afrouxaram, o jornal escorregou por entre eles, e um medo
terrível e nauseante tomou conta de mim.

Que estava o hábito fazendo de mim? O hábito de ficar achado
erros, de fazer reprimenda.... Era dessa maneira que eu o vinha
recompensando por ser uma criança.

Não que não o amasse; o fato é que eu esperava demais da
juventude. Eu o avaliava pelos padrões da minha própria vida.
E havia tanto de bom, de belo e de verdadeiro no seu caráter.
Seu coraçãozinho era tão grande quanto o sol que subia por
detrás das colinas.

E isto eu percebi pelo seu gesto espontâneo de correr e de
dar-me um beijo de boa noite. Nada mais me importa nesta noite, filho. Entrei na penumbra do seu quarto e ajoelhei-me ao lado de
sua cama, envergonhado!

É uma expiação inútil... Sei, se você estivesse acordado, não
compreenderia essas coisas. Mas amanhã eu serei um papai de
verdade! Serei seu amigo, sofrerei quando você sofrer, darei
risadas quando  você sorrir. Morderei minha língua quando palavras impacientes quiserem sair pela minha boca. Eu irei dizer e repetir, com se fosse um ritual:

"Ele é apenas um menino - um menininho!"
Receio que o tenha visto até aqui como um homem feito.
Mas olhando-o agora, filho, encolhido e amedrontado no seu ninho,
certifico-me de que é um bebê. Ainda ontem esteve nos braços
de sua mãe, a cabeça deitado no ombro dela.

Exigi muito de você... Exigi muito...

Bom dia!!!

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Maktub

 
 

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